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sábado, 12 de janeiro de 2008

Edward Fenton visita o porto de Santos e ali entra em combate.


Em 1581 desembarcou em Santos, um britânico, John Whithall, que sendo hábil ferreiro chamou a atenção de José Adorno, comerciante local que o empregou e acabou casando sua filha com ele. Whithall, ex-marinheiro, escreveu aos seus familiares na Inglaterra narrando sua nova vida e as poucas riquezas da época ali existentes.
Isto contribuiu para que, na manhã de 16 de dezembro de 1583, surgisse na barra de Santos o seu conterrâneo, Edward Fenton, comandando uma nau e dois galeões armados, transportando talvez duzentos homens de combate Sobre isto Rocha Pombo e Varnhagen acusam apenas dois galeões nesta esquadra.
Nesta ocasião, ele apresentou-se como desejoso de fazer reparos em seus barcos e para isto buscou contatar Whithall. Inclusive, Fenton desceu a terra ver um lugar onde o ferreiro Whithall pudesse erguer uma forja, e ali colocar os fornos portáteis para fundir as peças necessárias. Parecia que tudo iria decorrer normalmente, mas no dia seguinte Whithall foi a bordo dizer que, os portugueses tinham mandado para fora as mulheres e fortificado a vila, pelo que aconselhava fossem os navios, imediatamente, ancorar diante dela.
Depois dele ai foram José Adorno e um português Estevan Raposo, com a notícia de que, dentro em poucos dias, o Governador concederia audiência a Fenton, podendo os ingleses, entretanto, prosseguir nos seus trabalhos de forrar de cobre os navios, efetuar trabalhos de carpintaria neles, pescar e realizar as demais operações necessárias, mas que não exigissem forja nem fornos, antes de serem recebidos pelo governador. Os importantes visitantes foram convidados para jantar a bordo e até obsequiados com presentes, desembarcando após o ágape.
Toda esta maneira diplomática e sutil de proceder dos ingleses devia-se a instruções que eles tinham recebido de seu comandante, de nome Luke Ward, que lhes proibira de empregar violência contra os lusitanos, exceto em defesa própria. E ainda toleraram a posterior devolução dos presentes feitos a Adorno, sem qualquer reação mais rude.
Não sabiam os britânicos, que uma armada espanhola, comandada pelo almirante Dom Flores Valdez encontrava-se em águas sul-americanas, e que uma esquadrilha desta achava-se em Santa Catarina, sob a direção de André de Equino. A má nova sobre os intrusos chegou a este, o que o levou a navegar para o porto de Santos, na esperança de encontrá-los. Quando os navios espanhóis surgiram à boca da barra santista, a população local em alerta prontamente os informou da posição exata dos navegantes ingleses no porto.
Na noite de 24 de janeiro de 1584, entrou André de Equino com seus três galeões pelo estuário de Santos, quase surpreendendo os ingleses, que ainda assim puderam travar combate e defender-se de modo eficiente e corajoso, mercê do seu ótimo aparelhamento de guerra. Durou esse combate grande parte da noite, e, ao seu final, os navios de Fenton conseguiram fugir; exceção de um deles, que foi abordado e tomado de assalto, com toda a sua artilharia. Outros historiadores dizem que foram os espanhóis, que combatendo perderam uma de suas naves.
A atitude pacífica de Fenton em sua estada no porto santista valeu-lhe o não ser perseguido pela esquadra espanhola, que, somente alguns dias depois, deixou o ancoradouro, para encontrar-se com o restante da sua armada.
No fundo a vinda dos indesejados visitantes não passou de um susto para os santistas e ocorreu numa boa época para os espanhóis que vigiavam o império português. Estando próximos, socorreram prontamente o pequeno burgo portuário, e atuando com eficiência e destemor, afugentaram os intrusos. Estes se mostraram eficientes em suas manobras e na reação ao ataque, e safaram-se daqui para nunca mais voltar. De qualquer forma, tudo isto reforçou o prestígio do rei espanhol na pequena colônia luso-brasileira.
Anote-se que a imagem aqui reproduzida, não é parte integrante do tema, referindo-se a outro acontecimento naval, mas servirá para bem ilustrar o ocorrido.
Fontes:

FROTA, Guilherme de Andréa. 500 ANOS DE HISTÓRIA DO BRASIL. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército. Edição 2000.

Novo Milênio. A passagem de Edward Fenton. http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0049a3.htm. A matéria virtual contem trechos da obra História de Santos, de autoria de Francisco Martins dos Santos 2.ª edição, Santos-SP, 1986. Acesso em: 07/01/2008.

Wikipédia, a enciclopédia livre. quadro a óleo "Defeat of the Spanish Armada", 8 August 1588 by Philippe-Jacques de Loutherbourg, painted 1796 depicts the battle of Gravelines. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Spanish_Armada.jpg. Acesso em: 12/01/2008.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Atividades de corsários em Santos.



Numa pequena ilha costeira do litoral brasileiro, Martim Afonso de Sousa fundou o povoado de São Vicente em 1532; foi o primeiro do Brasil! Um dos fidalgos que o acompanhava então, de nome Brás Cubas (cuja imagem esculpida está aqui reproduzida), ali permaneceu e passou a viver de uma plantação de cana-de-açúcar na região nordeste daquela ilha, onde se fixou com seus familiares.
Em 1535, as terras ocupadas por Brás Cubas formavam um núcleo à parte dentro da ilha; mas o ano em que foi construída a Santa Casa de Misericórdia de Todos os Santos (1543) marcou oficialmente a fundação do povoado, conhecido apenas como Porto e dele Brás Cubas, em 1545 tornou-se Capitão-Mór. O nome definitivo, Santos, que se originou do hospital, surgiu em 1546, com a elevação à categoria de vila reconhecida por Carta Régia. Ela e sua vizinha São Vicente assim coexistiram fraternalmente na mesma área insular.
Através do porto, a vila de Santos recebia mercadorias de Portugal e enviava à metrópole açúcar produzido no engenho depois chamado Engenho de São Jorge dos Erasmos. Vários outros engenhos estabeleceram-se com o passar dos anos em Santo Amaro, região continental limítrofe à ilha de São Vicente. Embora pouco movimentado, o porto tornou-se o coração de Santos, e por causa dele a vila era procurada pelos navegantes dos sete mares.
Naquela época a vila ocupava pequena porção de sua área central atual, e nela se concentrava toda a sua vida urbana. Mas a vida ali, como não poderia deixar de ser acabou influenciada por fatos ocorridos na metrópole lusitana, aonde um rei espanhol se tornou monarca também de Portugal. O que se deu a partir de 1581, quando Filipe II de Espanha assumiu aquele trono. Em substituição ao último rei, Dom Henrique, que morrera sem deixar descendência. Com isto o país granjeou para si todos os inimigos de Espanha, em especial, Inglaterra, França e Holanda. E a nova situação teve quer administrada até 1640, quando um português volveu ao trono lusitano, após uma rebelião vitoriosa em Lisboa. Era D. João IV.
A parcela de sofrimentos dos santistas foi receber ataques de assaltantes estrangeiros vindos do mar. Importa ai discorrer brevemente sobre estes. O corsário era um proprietário de navio, credenciado por um governo a pilhar navios de outra nação adversária da primeira. Os corsários eram usados por países como um meio fácil e barato para enfraquecer o inimigo, sem suportar os custos relacionados com a manutenção e a construção naval. Em outras palavras, era um pirata oficializado e submetido a algumas regras. Fora eles haviam os piratas e bucaneiros, propriamente ditos, que assaltavam indiferentemente embarcações nos mares, por sua conta e risco. Todos eles, se presos vivos por um país adversário ou vítima, seriam condenados à pena capital por enforcamento.
Segundo os historiadores, três dos principais episódios do corso ou pirataria em Santos foram:

Edward Fenton: atracou em Santos em 16/12/1583; e
Thomas Cavendish: atacou em 25/12/1588, 1590 ou 1591.
Joris Van Spilbergen: promoveu uma forte incursão naval e anfíbia contra Santos e São Vicente em 1615.
 
Sobre eles tratarei o melhor possível a seguir e separadamente.

Fontes:

Eu vim de Santos. http://www.euvimdesantos.com.br/index.html. Acesso em: 03/01/2007.

Wikipédia, a enciclopédia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Corsário. Acesso em: 04/01/2008.

Novo Milênio. http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0049.htm. Acesso em: 04/01/2008.

Novo Milênio. Foto: PMS/Decom, publicada no DO de Santos em 06/05/2002. http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0147.htm . Acesso em: 04/01/2008.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Introdução.


Nenhum de nós pode negar a influência lusitana em nossa cultura. Foi o pequeno Portugal, quem descobriu e conseguiu colonizar esta parte preponderante da América do Sul, que é o Brasil. E seus filhos estiveram conosco como senhores, pelo menos até 1808, pois foi ai que a capital do império português passou para a cidade do Rio de Janeiro e o monarca comum se tornou seu mais importante residente. Em 1815 o Brasil passou a reino e ficou em pé de igualdade com a metrópole. Dali foi um passo até a efetiva independência em 1822, quando o Brasil se tornou um império.
Mas voltando ao princípio, anoto que o maior país sul americano nasceu em circunstâncias aparentemente casuais e de maneira extremamente pacífica. Brancos e vermelhos se encontraram em absoluta paz e assim permaneceram nos breves dias em que a frota cabralina esteve ancorada no litoral. Um augúrio promissor para o futuro!
Assim foi a descoberta do Brasil, cuja certidão de nascimento foi a Carta de Caminha. A Cruz de Cristo aqui reproduzida estava pintada nas velas da frota cabralina e o estandarte da Ordem esteve presente no descobrimento do Brasil, participando das duas primeiras missas. Este estandarte, que vigorou entre 1332 e 1651, representava a rica e poderosa Ordem de Cristo, que patrocinou as grandes navegações lusitanas e exerceu grande influência nos dois primeiros séculos da vida brasileira.
Mas o desenrolar dos acontecimentos veio a toldar de sangue este bucólico cenário inicial e demonstrar que o pacifismo da cruz era apenas simbólico. Outros europeus também visitaram as águas de nossa terra. E isto despertou a ira portuguesa, que buscou afugentá-los, atacando as embarcações intrusas.
Sem a pretensão de querer indicar o primeiro embate naval ocorrido em nossas águas, cito aqui aquele ocorrido durante a expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza, que partiu em 1530 para a nova terra, com uma frota de duas naus, um galeão e duas caravelas, bem artilhadas. E, que em Pernambuco atacou e capturou três navios franceses, que ali buscavam comerciar com os nativos.
Este modesto confronto marca o início das pugnas navais, que prosseguiram com o tempo, ora mais, ora menos espaçadas, ora maiores, ora pequenas. Sobre elas escreverei o que puder, de acordo com o meu conhecimento. Sabendo-se, que diversos países aqui batalharam e sacrificaram seus navios e tripulações, para assim amealharem proveito material e glória.

Fontes:

CALMON, Pedro. História da Civilização Brasileira. Brasília: Senado Federal, 2002.

Wikipédia, a enciclopédia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Bandeira_do_Brasil. Acesso em: 02/01/2008.