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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O nascimento da Marinha de Guerra do Brasil.



Agora vou pular muitos dos acontecimentos navais ocorridos nos tempos coloniais para tratar do tema acima referido, que reputo muito importante, pois boa parte da nossa história como estado soberano dependeu da sua marinha militar.
O Brasil, na época de sua Independência, assemelhava-se mais a um arquipélago do que a um país de território contínuo. Em outras palavras, no seu território haviam imensos vazios populacionais. Ainda, as diversas regiões de colonização estavam praticamente isoladas por terra entre si, por falta de estradas entre elas.
Essas principais regiões eram, o Sudeste, com o Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais; o Leste, com a Bahia; o Nordeste, com Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e outras províncias; o Sul, com o Rio Grande do Sul e a Cisplatina (futuro Uruguai); e o Norte, com o Pará e o Maranhão. Todo o seu imenso território era habitado, em 1822, por uma população de cerca de 4,5 milhões de pessoas, conforme estimativa existente.
Existiam, porém, regiões que não apoiavam o Príncipe. Assim, a Bahia, a Cisplatina,o Pará, Maranhão e Piauí se mantinham fiéis a Portugal. Outras estavam indecisas. Pernambuco aderiu à causa de D. Pedro em junho de 1822 e a Paraíba, logo depois. Na Bahia irrompeu a luta armada entre as duas facções e lá o brigadeiro Madeira de Mello, comandante luso, teve que fixar a sua posição em Salvador, pois os rebeldes, fiéis a D. Pedro, dominavam o interior da província.
Já existia no Brasil uma infra-estrutura de arsenais de marinha, fundamental para que fosse possível manter os navios em operação, e, também, para construir novos. O melhor estabelecimento construtor, era o da Bahia, mas este estava em território que continuava nas mãos de tropas fiéis a Portugal. Coube então ao Arsenal do Rio de Janeiro recuperar os navios de origem portuguesa, que aqui ficaram.
Mas, não bastavam navios, eram precisos homens para tripula-los. Alguns dos portugueses, que permaneceram no Brasil, aderiram a Independência apenas para conservarem suas propriedades, ou mesmo as suas famílias. Não estavam motivados para lutar contra seus patrícios e, portanto, não eram confiáveis.
A melhor solução foi a de se contratarem oficiais e marinheiros estrangeiros que, após as Guerras Napoleônicas, estavam disponíveis e prontos para continuar a guerrear. Coube a Felisberto Caldeira Brandt, depois marquês de Barbacena, que se achava na Europa a tarefa de recrutar e fazer viajar para o Brasil marinheiros e oficiais estrangeiros, tendo arrebanhado cerca de 550 estrangeiros para a Marinha, em sua maioria britânicos.
Um deles, Alexander Thomas Cochrane (1775-1860), estava no Chile e não na Europa. Mas quem era ele? Com a idade de 17 anos ingressou na armada britânica em 1793, na qualidade de guarda-marinha. Nela combateu nas guerras contra Napoleão, tendo demonstrado tanta ousadia em suas operações navais que o próprio imperador francês o apelidou de Loup de Mer (lôbo do mar). Paralelamente à sua carreira naval foi eleito membro do Parlamento. Resultou condenado à prisão em 1814, por haver realizado supostas atividades fraudulentas, vendo-se obrigado a abandonar a carreira naval e após transferindo-se para o Chile. Ali, ele comandara, com êxito, as suas forças navais contra os espanhóis, nas lutas da independência.
Era brilhante no mar, um grande tático, criativo, destemido, um formidável guerreiro. Pela suas grandes qualidades militares, a sua escolha para comandar toda a nascente marinha de guerra brasileira foi realmente acertada.
No dia 03 de abril, o Rio de Janeiro viu os navios da força naval comandada pelo Almirante Cochrane – a nau Pedro I, a fragata Piranga, as corvetas Liberal e Maria da Glória e os brigues Real Pedro e Guarani – saírem da barra com destino à Bahia, com a Fortaleza de Santa Cruz saudando-os com seus canhões. Já a fragata Niterói também pertencente a esquadra saiu discretamente no dia 12, comandada pelo Capitão-de-Fragata John Taylor.
De qualquer forma, garrida ou discreta, sua missão era essencial para o futuro do novo país, que só se manteria unido se expulsasse daqui as forças portuguesas, antes que elas fossem reforçadas pela velha metrópole lusa. E, embora muitos duvidassem então, sua jornada seria decisiva para o pleno êxito da causa brasileira.

Fontes:

BITTENCOURT, Armando de Senna. Da Marinha de Portugal forma-se uma marinha para o Brasil, 1807 a 1823. A Casa da Torre de Garcia D’Ávila.http://www.casadatorre.org.br/FORMA-SE_A_MARINHA_DO_BRASIL.pdfAcesso em: 29/08/2008.

Wikipédia, a enciclopédia livre. Thomas Cochrane. http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Cochrane . Acesso em: 29/08/2008.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Um cruel visitante aportou em Santos num Natal do século XVI.


Em 1583, o corsário inglês Edward Fenton entrou e permaneceu no ancoradouro santista com suas embarcações, quando foi surpreendido pelas naves do comandante André de Equino, com o qual trocou fogo de artilharia. Sobre isto veja: Edward Fenton visita o porto de Santos e ali entra em combate. O episódio serviu de alerta para mostrar o perigo a que ainda estava exposta a vila de Santos, sem defesa segura contra as incursões piratas.
Diante de tal ameaça dos inimigos da Espanha, o Rei Felipe II determinou que fosse levantada uma fortaleza na entrada da barra, do lado da atual ilha de Santo Amaro, que foi chamada de Fortaleza da Barra Grande e cuja construção se estendeu até 1590.
Seguia Santos o seu curso normal de vida, e já agora com esta fortaleza levantada, quando três barcos piratas da frota do almirante Thomas Cavendish surgiram no porto de Santos. Eram o Roebuck, do Capitão Cocke, o Desire, do Capitão John Davies, e o Black Pinese, do Capitão Stafford. Cocke que a todos comandava, valendo-se da noite escura e tormentosa de 24 de dezembro, com os demais navios invadiu a barra e passou despercebido ante a Fortaleza da Barra Grande, fundeando em frente da Vila na manhã do dia 25.
Ali mandou Cocke uma intimação ao pequeno Forte da Vila: que se rendesse ou seria destruído imediatamente pelos canhões já assestados. Este fora construído no tempo de Braz Cubas, na atual Praça da República, ocupando aproximadamente as áreas dos prédios da Alfândega e da Recebedoria de Rendas. Como haviam anos que a paz da Vila não era perturbada por agressores de mar afora, e uma grande fortaleza agora defendia a estreita passagem do porto, desprevenidos e descuidados estavam os homens do fortim, tanto quanto os moradores de toda a vila. E, assim, nenhuma resistência foi feita aos poderosos corsários, numerosos e bem armados.
Diante da ausência de reação, as embarcações miúdas daquela frota passaram a despejar na praia bandos de homens ruivos, de olhos azuis, grandalhões e barbudos e armados de mosquetes e piques; estes soltando gritos espantosos, foram matando quem esboçava a menor resistência, invadindo as casas, saqueando-as, apoderando-se também da Casa da Câmara e ocupando posições convenientes para dominar a povoação.
E um clamor correu de boca em boca por toda a população espavorida ao avista-los: - os piratas ingleses!
A maioria da população estava na Igreja Matriz, sendo orçadas em 300 pessoas que lá se encontravam comemorando o Natal; todos foram retidos no templo, enquanto os ingleses saqueavam a vila. Mais tarde, realizado o primeiro saque e reunidas as forças invasoras, o povo, que se achava na igreja, recebeu ordem de abandoná-la, continuando detidos apenas os mais ricos e mais capazes de lutar em defesa da terra.
No dia seguinte, 26 de dezembro, Thomas Cavendish aportou com o restante da sua esquadra, pois ficara de atalaia nas proximidades de São Sebastião, com outros dois navios: o Leicester, do Capitão Southwell, e o Daintie, do Capitão Barker. De imediato, fez desembarcar duzentos homens para reforçar o efetivo de terra. Também mandou saquear e queimar todos os navios que se encontravam no porto. E, prosseguindo na sua operação de pilhagem, seus homens foram por terra até São Vicente, saqueando e queimando todos os engenhos, que encontrava pela frente, e ainda pilhando e incendiando igualmente o vizinho povoado, deixando atrás de si um rastro de ódio e pavor.
Mas quem era a sanguinária criatura aqui citada? Cavendish era natural de Trimby, na Grã-Bretanha, e recebera a carta de corsário da Rainha Elisabeth, inimiga figadal do Império Espanhol, sob cujo domínio se encontravam Portugal e o Brasil quando aquele atacou Santos. Sua imagem é aquela aqui estampada.
E o que houve com a população local durante a permanência dos corsários? O ataque súbito e selvagem, provocou a fuga de quase todos os moradores, com suas mulheres e filhas, para as matas vizinhas, onde ficaram a salvo da sanha corsária. Só depois de dois meses de estada em nosso porto, e não tendo mais nada o que levar ou depredar, Cavendish com seus navios tomou rumo do Sul.
No ano seguinte, após uma ausência de nove meses, o grande corsário voltou à barra de Santos, e, pairando ao largo, a três léguas da Vila, mandou apressadamente a terra vinte e cinco homens, ao mando dos capitães Stafford, Southwell e Barker, com ordens de, a todo transe, tomarem víveres de que tinha extrema necessidade para socorro de sua tripulação esfomeada e quase toda ela enferma.
Desta vez, encontrou a postos os homens válidos de Santos, e sua gente foi afrontada pela de terra, emboscada nos matos e auxiliada por indígenas agregados; e, do reencontro que houve, apenas escaparam vivos dois dos corsários, que foram levados ao recinto da vila, acompanhando as cabeças dos companheiros mortos, fincadas em espeques apanhados no mato, levantados como estandartes à frente do estranho cortejo.
Com este resultado desenganou-se definitivamente Cavendish de prosseguir em novas tentativas sobre a ilha de São Vicente e, fazendo-se ao mar, navegou para a costa do Espírito Santo, pondo em saque toda a costa intermediária, onde, ao que sabemos, acabou por sofrer irremediável derrota, causada por índios e portugueses conjugados.
Ao abandonar o Espírito Santo, derrotado e abatido, Cavendish rumou para São Sebastião, lá deixando na ilha, todos os enfermos e feridos da armada. Entre esses enfermos estava Antonio Knivet, o marinheiro, que, restabelecendo-se ali, ainda empreendeu aventuras pelos sertões, acabando por deixar uma pequena história das peripécias que passara, em terra e no mar, em companhia de Cavendish, conservando, para a posteridade, algumas das atrocidades do grande corsário; parte da qual foi aqui reproduzida.
O grande corsário morreria na sua volta à Inglaterra, terminando assim, por força de privações, de fome e falta de medicamentos, uma existência tão perniciosa à navegação do Atlântico meridional naqueles primeiros tempos da colonização.
Divergem, porém, os autores aqui mencionados acerca do ano em que ocorreu a primeira invasão: 1588, 1590 ou 1591. Isto até hoje não foi elucidado e nem o será. De qualquer forma, sabe-se que foi no Natal num daqueles anos.

Fontes:


MUNIZ JR., J. Novo Milênio. http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0049f1.htm . Acesso em: 21/07/2008.

BARROSO, Gustavo. Natal de Sangue de Thomas Cavendish. Novo Milênio. http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0049f2.htm . Acesso em 21/07/2008.

MARTINS DOS SANTOS, Francisco e MARTINS LICHTI, Fernando. História de Santos/Poliantéia Santista. Santos, 1986, primeiro volume.Novo Milênio. http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0049f3.htm . Acesso em: 21/07/2008.

Novo Milênio. http://www.novomilenio.inf.br/santos/fotos021.htm . Acesso em: 21/07/2008.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Edward Fenton visita o porto de Santos e ali entra em combate.


Em 1581 desembarcou em Santos, um britânico, John Whithall, que sendo hábil ferreiro chamou a atenção de José Adorno, comerciante local que o empregou e acabou casando sua filha com ele. Whithall, ex-marinheiro, escreveu aos seus familiares na Inglaterra narrando sua nova vida e as poucas riquezas da época ali existentes.
Isto contribuiu para que, na manhã de 16 de dezembro de 1583, surgisse na barra de Santos o seu conterrâneo, Edward Fenton, comandando uma nau e dois galeões armados, transportando talvez duzentos homens de combate Sobre isto Rocha Pombo e Varnhagen acusam apenas dois galeões nesta esquadra.
Nesta ocasião, ele apresentou-se como desejoso de fazer reparos em seus barcos e para isto buscou contatar Whithall. Inclusive, Fenton desceu a terra ver um lugar onde o ferreiro Whithall pudesse erguer uma forja, e ali colocar os fornos portáteis para fundir as peças necessárias. Parecia que tudo iria decorrer normalmente, mas no dia seguinte Whithall foi a bordo dizer que, os portugueses tinham mandado para fora as mulheres e fortificado a vila, pelo que aconselhava fossem os navios, imediatamente, ancorar diante dela.
Depois dele ai foram José Adorno e um português Estevan Raposo, com a notícia de que, dentro em poucos dias, o Governador concederia audiência a Fenton, podendo os ingleses, entretanto, prosseguir nos seus trabalhos de forrar de cobre os navios, efetuar trabalhos de carpintaria neles, pescar e realizar as demais operações necessárias, mas que não exigissem forja nem fornos, antes de serem recebidos pelo governador. Os importantes visitantes foram convidados para jantar a bordo e até obsequiados com presentes, desembarcando após o ágape.
Toda esta maneira diplomática e sutil de proceder dos ingleses devia-se a instruções que eles tinham recebido de seu comandante, de nome Luke Ward, que lhes proibira de empregar violência contra os lusitanos, exceto em defesa própria. E ainda toleraram a posterior devolução dos presentes feitos a Adorno, sem qualquer reação mais rude.
Não sabiam os britânicos, que uma armada espanhola, comandada pelo almirante Dom Flores Valdez encontrava-se em águas sul-americanas, e que uma esquadrilha desta achava-se em Santa Catarina, sob a direção de André de Equino. A má nova sobre os intrusos chegou a este, o que o levou a navegar para o porto de Santos, na esperança de encontrá-los. Quando os navios espanhóis surgiram à boca da barra santista, a população local em alerta prontamente os informou da posição exata dos navegantes ingleses no porto.
Na noite de 24 de janeiro de 1584, entrou André de Equino com seus três galeões pelo estuário de Santos, quase surpreendendo os ingleses, que ainda assim puderam travar combate e defender-se de modo eficiente e corajoso, mercê do seu ótimo aparelhamento de guerra. Durou esse combate grande parte da noite, e, ao seu final, os navios de Fenton conseguiram fugir; exceção de um deles, que foi abordado e tomado de assalto, com toda a sua artilharia. Outros historiadores dizem que foram os espanhóis, que combatendo perderam uma de suas naves.
A atitude pacífica de Fenton em sua estada no porto santista valeu-lhe o não ser perseguido pela esquadra espanhola, que, somente alguns dias depois, deixou o ancoradouro, para encontrar-se com o restante da sua armada.
No fundo a vinda dos indesejados visitantes não passou de um susto para os santistas e ocorreu numa boa época para os espanhóis que vigiavam o império português. Estando próximos, socorreram prontamente o pequeno burgo portuário, e atuando com eficiência e destemor, afugentaram os intrusos. Estes se mostraram eficientes em suas manobras e na reação ao ataque, e safaram-se daqui para nunca mais voltar. De qualquer forma, tudo isto reforçou o prestígio do rei espanhol na pequena colônia luso-brasileira.
Anote-se que a imagem aqui reproduzida, não é parte integrante do tema, referindo-se a outro acontecimento naval, mas servirá para bem ilustrar o ocorrido.
Fontes:

FROTA, Guilherme de Andréa. 500 ANOS DE HISTÓRIA DO BRASIL. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército. Edição 2000.

Novo Milênio. A passagem de Edward Fenton. http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0049a3.htm. A matéria virtual contem trechos da obra História de Santos, de autoria de Francisco Martins dos Santos 2.ª edição, Santos-SP, 1986. Acesso em: 07/01/2008.

Wikipédia, a enciclopédia livre. quadro a óleo "Defeat of the Spanish Armada", 8 August 1588 by Philippe-Jacques de Loutherbourg, painted 1796 depicts the battle of Gravelines. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Spanish_Armada.jpg. Acesso em: 12/01/2008.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Atividades de corsários em Santos.



Numa pequena ilha costeira do litoral brasileiro, Martim Afonso de Sousa fundou o povoado de São Vicente em 1532; foi o primeiro do Brasil! Um dos fidalgos que o acompanhava então, de nome Brás Cubas (cuja imagem esculpida está aqui reproduzida), ali permaneceu e passou a viver de uma plantação de cana-de-açúcar na região nordeste daquela ilha, onde se fixou com seus familiares.
Em 1535, as terras ocupadas por Brás Cubas formavam um núcleo à parte dentro da ilha; mas o ano em que foi construída a Santa Casa de Misericórdia de Todos os Santos (1543) marcou oficialmente a fundação do povoado, conhecido apenas como Porto e dele Brás Cubas, em 1545 tornou-se Capitão-Mór. O nome definitivo, Santos, que se originou do hospital, surgiu em 1546, com a elevação à categoria de vila reconhecida por Carta Régia. Ela e sua vizinha São Vicente assim coexistiram fraternalmente na mesma área insular.
Através do porto, a vila de Santos recebia mercadorias de Portugal e enviava à metrópole açúcar produzido no engenho depois chamado Engenho de São Jorge dos Erasmos. Vários outros engenhos estabeleceram-se com o passar dos anos em Santo Amaro, região continental limítrofe à ilha de São Vicente. Embora pouco movimentado, o porto tornou-se o coração de Santos, e por causa dele a vila era procurada pelos navegantes dos sete mares.
Naquela época a vila ocupava pequena porção de sua área central atual, e nela se concentrava toda a sua vida urbana. Mas a vida ali, como não poderia deixar de ser acabou influenciada por fatos ocorridos na metrópole lusitana, aonde um rei espanhol se tornou monarca também de Portugal. O que se deu a partir de 1581, quando Filipe II de Espanha assumiu aquele trono. Em substituição ao último rei, Dom Henrique, que morrera sem deixar descendência. Com isto o país granjeou para si todos os inimigos de Espanha, em especial, Inglaterra, França e Holanda. E a nova situação teve quer administrada até 1640, quando um português volveu ao trono lusitano, após uma rebelião vitoriosa em Lisboa. Era D. João IV.
A parcela de sofrimentos dos santistas foi receber ataques de assaltantes estrangeiros vindos do mar. Importa ai discorrer brevemente sobre estes. O corsário era um proprietário de navio, credenciado por um governo a pilhar navios de outra nação adversária da primeira. Os corsários eram usados por países como um meio fácil e barato para enfraquecer o inimigo, sem suportar os custos relacionados com a manutenção e a construção naval. Em outras palavras, era um pirata oficializado e submetido a algumas regras. Fora eles haviam os piratas e bucaneiros, propriamente ditos, que assaltavam indiferentemente embarcações nos mares, por sua conta e risco. Todos eles, se presos vivos por um país adversário ou vítima, seriam condenados à pena capital por enforcamento.
Segundo os historiadores, três dos principais episódios do corso ou pirataria em Santos foram:

Edward Fenton: atracou em Santos em 16/12/1583; e
Thomas Cavendish: atacou em 25/12/1588, 1590 ou 1591.
Joris Van Spilbergen: promoveu uma forte incursão naval e anfíbia contra Santos e São Vicente em 1615.
 
Sobre eles tratarei o melhor possível a seguir e separadamente.

Fontes:

Eu vim de Santos. http://www.euvimdesantos.com.br/index.html. Acesso em: 03/01/2007.

Wikipédia, a enciclopédia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Corsário. Acesso em: 04/01/2008.

Novo Milênio. http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0049.htm. Acesso em: 04/01/2008.

Novo Milênio. Foto: PMS/Decom, publicada no DO de Santos em 06/05/2002. http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0147.htm . Acesso em: 04/01/2008.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Introdução.


Nenhum de nós pode negar a influência lusitana em nossa cultura. Foi o pequeno Portugal, quem descobriu e conseguiu colonizar esta parte preponderante da América do Sul, que é o Brasil. E seus filhos estiveram conosco como senhores, pelo menos até 1808, pois foi ai que a capital do império português passou para a cidade do Rio de Janeiro e o monarca comum se tornou seu mais importante residente. Em 1815 o Brasil passou a reino e ficou em pé de igualdade com a metrópole. Dali foi um passo até a efetiva independência em 1822, quando o Brasil se tornou um império.
Mas voltando ao princípio, anoto que o maior país sul americano nasceu em circunstâncias aparentemente casuais e de maneira extremamente pacífica. Brancos e vermelhos se encontraram em absoluta paz e assim permaneceram nos breves dias em que a frota cabralina esteve ancorada no litoral. Um augúrio promissor para o futuro!
Assim foi a descoberta do Brasil, cuja certidão de nascimento foi a Carta de Caminha. A Cruz de Cristo aqui reproduzida estava pintada nas velas da frota cabralina e o estandarte da Ordem esteve presente no descobrimento do Brasil, participando das duas primeiras missas. Este estandarte, que vigorou entre 1332 e 1651, representava a rica e poderosa Ordem de Cristo, que patrocinou as grandes navegações lusitanas e exerceu grande influência nos dois primeiros séculos da vida brasileira.
Mas o desenrolar dos acontecimentos veio a toldar de sangue este bucólico cenário inicial e demonstrar que o pacifismo da cruz era apenas simbólico. Outros europeus também visitaram as águas de nossa terra. E isto despertou a ira portuguesa, que buscou afugentá-los, atacando as embarcações intrusas.
Sem a pretensão de querer indicar o primeiro embate naval ocorrido em nossas águas, cito aqui aquele ocorrido durante a expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza, que partiu em 1530 para a nova terra, com uma frota de duas naus, um galeão e duas caravelas, bem artilhadas. E, que em Pernambuco atacou e capturou três navios franceses, que ali buscavam comerciar com os nativos.
Este modesto confronto marca o início das pugnas navais, que prosseguiram com o tempo, ora mais, ora menos espaçadas, ora maiores, ora pequenas. Sobre elas escreverei o que puder, de acordo com o meu conhecimento. Sabendo-se, que diversos países aqui batalharam e sacrificaram seus navios e tripulações, para assim amealharem proveito material e glória.

Fontes:

CALMON, Pedro. História da Civilização Brasileira. Brasília: Senado Federal, 2002.

Wikipédia, a enciclopédia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Bandeira_do_Brasil. Acesso em: 02/01/2008.