Bom
se começar dizendo-se algo sobre os britânicos e seu império mundial, que é de
domínio público e conhecimento geral. A Grã-Bretanha em tempos idos,
aproveitando-se de uma época a ela propicia e ainda da pobreza e fraqueza de muitos povos
atrasados, usando de dinheiro e força militar apoderou-se de muitas terras
espalhadas pelo mundo, colocando aos seus habitantes debaixo do seu guante
imperial. Para interligar a metrópole as colônias desenvolveu uma grande frota
mercante, que transportava homens e bens pelos oceanos. E a fez guardar por uma
poderosa marinha de guerra, que no seu auge acabou sendo equivalente ao de duas
potências, o que colocou a generalidade dos países submetidos a ela.
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(imagem da revolução industrial britânica) |
Já
no século XIX a Grã-Bretanha, por razões de política interna, o que se deu entre
os anos de 1806 e 1807, acabou com o tráfico negreiro em todo o seu Império e
mais tarde, em 1833, proibiu o próprio trabalho escravo.
O
Brasil surgido como colônia portuguesa foi submetido a sua metrópole de 1500 a
1821, sendo penosamente colonizado e ocupado, primeiro por uns poucos
portugueses, auxiliados por certo número de indígenas, com o tempo reforçados paulatinamente
por jovens mamelucos (descendentes de brancos e índias), que unidos e agindo
com muita coragem desbravaram sertões e os ocuparam. Portugal, porém, era
pequeno e tinha limitada população, parte da qual pereceu nas navegações e
conquistas feitas pelo estado português. Era impossível fazer-se a colonização de
uma terra tão vasta com tão poucas pessoas. Por isto recorreu-se a escravização
dos negros oriundos da África, contando-se com a vil cumplicidade da Igreja
Católica, que apoiava este desumano uso, para assim garantir rendas e bens a
ela própria. Tal a principal razão da escravatura negra no Brasil, promovida e
mantida por 321 anos por Portugal e seus reis.
A
independência do Brasil fez-se através de uma aliança politica entre o príncipe
real lusitano, Dom Pedro, alguns nacionalistas, idealistas e patriotas, e
muitos senhores de terras e de escravos, o que impossibilitou a libertação dos
cativos e a proibição do tráfico nefando. Pois, o novo país vivia
essencialmente da sua produção agrícola, então totalmente baseada nos braços escravos.
Liberta-los a todos, seria arruinar-se a sua economia. Por isto ainda sob o
governo de Dom Pedro II e quase até o seu final manteve-se a escravidão negra,
que, como todos sabemos e salvo algumas concessões pontuais perdurou até 1888,
ou seja, por 66 anos.
A produção agrícola brasileira de café
e açúcar, por mãos escravas, superava a produção colonial inglesa dos mesmos
produtos nas Antilhas e tinha preços mais baixos, que estas. Foi por isto que durante
toda a primeira metade do século XIX, o Brasil, esteve sob intensa pressão
inglesa para terminar com o tráfico de escravos africanos. O que começou, já aos
tempos da regência e depois no posterior reinado de Dom João VI e prosseguiu mesmo
após a independência brasileira.
Estas fortes “démarches” geraram em
1831, a Lei de 07 de novembro de 1831, por meio da qual todos os escravos
africanos que entrassem no Brasil a partir daquela data seriam declarados
livres e os contrabandistas de escravos sofreriam severas penalidades. Diploma,
este que teve eficácia por poucos anos, pois mais ou menos a partir de 1837 o
tráfico já tinha retomado sua força e alguns anos depois atingia proporções
nunca antes vistas.
Foi
diante disso, que o parlamento britânico, aprovou a lei chamada “Bill Aberdeen”,
na verdade, o “Slave Trade Suppression
Act”, ou “Aberdeen Act”, que foi a lei que autorizava os ingleses a aprisionar
quaisquer navios suspeitos de transportar escravos no oceano Atlântico, medida
a ser cumprida pela sua poderosa marinha de guerra.
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(captura de navio negreiro por uma nave militar britânica) |
Tais
os antecedentes desta história, que devem ser necessariamente relembrados.
Passo agora aos fatos objeto deste artigo.
(continua...)
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