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(percurso integral da expedição cabralina) |
Quem era Cabral? Era um fidalgo e um chefe militar, não um marujo ou navegante. A navegação da frota era cuidada por profissionais de origem italiana, especialmente contratados. Ali ele figurava como um diplomata e comandante militar, incumbido da suprema direção da expedição essencialmente política e comercial.
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("O Descobrimento do Brasil" - Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo) |
Quando da arribada e estadia brasileira, um dos navios, que levava as provisões extras foi descarregado, sendo elas divididas entre os restantes. Já vazio seu comandante recebeu ordem para retornar a terra lusa dando conta da boa nova do descobrimento e ainda levar toda a correspondência elaborada para o reino.
Não apenas Caminha escreveu para o rei, mas tanto Cabral, como todos os comandantes o fizeram. Afinal, o monarca estava longe e era bom ser lembrado por ele, satisfazendo sua natural curiosidade. Na sua missiva, Caminha aproveitou e fez um pedido de graça para um de seus familiares, que fora apenado criminalmente.
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(fragmento da carta de Caminha) |
Todas as cartas chegaram ao seu real destinatário, mas delas só a de Caminha sobreviveu e figura hoje como a certidão de nascimento do Brasil. O que houve? Pensa-se, que elas foram perdidas quando do terremoto e voraz incêndio, que assolou Lisboa, em 1755, e que destruiu dentre muitos bens o precioso Arquivo Real com seus documentos relativos à exploração oceânica e muitos outros textos antigos.
Após os navios desferrarem, a expedição prosseguiu e os lusos desembarcaram na Índia, mas ali por razões outras entraram em conflito bélico com os autóctones. Caminha, como outros se armou e foi ao combate, nele perecendo.
Após muitas aventuras e mesmo bastante desfalcada em navios e homens, a frota de Cabral voltou dessa primeira viagem abarrotada com especiarias – canela, gengibre e, principalmente, pimenta. Financeiramente, o almirante conseguiu com isso o saldo mais positivo da missão. Na verdade, o valor da quantidade de especiarias transportadas foi suficiente para pagar três vezes o custo da viagem, que fora toda financiado por prestamistas e onzenários judeus.
Mesmo assim e posteriormente Cabral perdeu as boas graças reais, caindo em consequência no olvido da história. Tudo girou em torno do comando de uma segunda frota, que iria para a Índia, que Cabral entendia lhe caber com exclusividade, preferindo o rei que o comando fosse dividido entre dois chefes, no que resultou afinal impor o monarca a sua vontade ao descontente Cabral, cabendo a chefia da nova expedição a Vasco da Gama, a qual partiu em 1502, ficando Cabral em Portugal.
Para sua sorte ele era a cabeça de sua família (herdara todos os bens desta por morte do irmão mais velho) e ainda depois se casou com uma jovem, que vinha da família mais rica de Portugal. Depois dos sucessos referidos, recolheu-se em suas terras de Santarém, tendo falecido provavelmente em 1520. Como era abastado deve ter vivido muito bem com seus exclusivos recursos, mesmo sem os favores reais (vejam abaixo a imagem de sua casa).
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(Castelo de Belmonte da família de Cabral - imagem atual) |
Sua sepultura esteve perdida durante os séculos XVII e XVIII, tendo sido encontrada em 1839 pelo historiador brasileiro, Visconde de Porto Seguro, na sacristia da Igreja de Nossa Senhora da Graça, em Santarém. Em 1903, trouxeram para o Brasil parte dos restos mortais de Cabral, que foram depositados em uma urna na chamada Antiga Sé do Rio de Janeiro, ou seja, na igreja abaixo mencionada.
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(lápide na Igreja Nossa Senhora do Carmo no Rio de Janeiro) |
E o pedido de Caminha ao rei. Este nada fizera ao receber a carta, mas sabendo depois que o letrado caíra combatendo pela causa real se apiedou do desastrado genro dele, Jorge de Osório e o beneficiou revogando o seu exílio.
Acho que a História olvida quase sempre o lado pessoal de seus principais atores, limitando-se ao papel por eles desempenhado nos momentos por ela retratados. E depois os defenestra sem cerimônias! Como não sou historiador, mas apenas um amador e um diletante, que a aprecia, busco ainda este “plus”, que espero venha contentar a outrem, que pense também assim.
Recomendando em especial a atenção de todos a imagem ilustrativa de toda a expedição, que é muito expressiva pelas grandes distâncias percorridas em precárias embarcações de madeira com propulsão à vela e ainda enfrentando a fúria dos elementos naturais.
A memória de Cabral é destacada em Portugal pela estátua a seguir reproduzida:
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(estátua lusitana de Cabral) |
E ainda nesta outra estátua dele, aqui no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro:
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(estátua do descobridor no Largo da Glória - RJ) |
Bom se explicar, que discorrer sobre Cabral em tese nada diz respeito a guerras navais na América do Sul, que é o propósito deste blog. Mas, sem aquele homem e seu trabalho nós não teríamos nascido para a civilização da forma ocorrida no passado. Impossível, esquece-lo; dai estas duas postagens sobre ele, sua navegação e um pouco sobre a sua vida.
Fonte:
Veja na História: Diplomacia do Canhão. http://veja.abril.com.br/historia/descobrimento/pedro-alvares-cabral.shtml .
ABRANCHES VIOTTI, Frederico R. de . A nobre e heróica estirpe de nosso Descobridor. Revista Catolicismo. http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?idmat=A6439B0D-A374-53EE-7EA97F800AC5AFF8&mes=Mar%C3%A7o2000 . Acesso em: 16/02/2015.
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Acesso em: 16/02/2015.
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