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quinta-feira, 12 de março de 2015

Aspectos relevantes sobre Pedro Álvarez Cabral.

                                                   
(percurso integral da expedição cabralina)
 
 
Quem era Cabral? Era um fidalgo e um chefe militar, não um marujo ou navegante. A navegação da frota era cuidada por profissionais de origem italiana, especialmente contratados. Ali ele figurava como um diplomata e comandante militar, incumbido da suprema direção da expedição essencialmente política e comercial.
 
("O Descobrimento do Brasil" - Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo)
 

Quando da arribada e estadia brasileira, um dos navios, que levava as provisões extras foi descarregado, sendo elas divididas entre os restantes. Já vazio seu comandante recebeu ordem para retornar a terra lusa dando conta da boa nova do descobrimento e ainda levar toda a correspondência elaborada para o reino.
 
Não apenas Caminha escreveu para o rei, mas tanto Cabral, como todos os comandantes o fizeram. Afinal, o monarca estava longe e era bom ser lembrado por ele, satisfazendo sua natural curiosidade. Na sua missiva, Caminha aproveitou e fez um pedido de graça para um de seus familiares, que fora apenado criminalmente.
 
(fragmento da carta de Caminha)
 
Todas as cartas chegaram ao seu real destinatário, mas delas só a de Caminha sobreviveu e figura hoje como a certidão de nascimento do Brasil. O que houve? Pensa-se, que elas foram perdidas quando do terremoto e voraz incêndio, que assolou Lisboa, em 1755, e que destruiu dentre muitos bens o precioso Arquivo Real com seus documentos relativos à exploração oceânica e muitos outros textos antigos.

Após os navios desferrarem, a expedição prosseguiu e os lusos desembarcaram na Índia, mas ali por razões outras entraram em conflito bélico com os autóctones. Caminha, como outros se armou e foi ao combate, nele perecendo.
 
Após muitas aventuras e mesmo bastante desfalcada em navios e homens, a frota de Cabral voltou dessa primeira viagem abarrotada com especiarias – canela, gengibre e, principalmente, pimenta. Financeiramente, o almirante conseguiu com isso o saldo mais positivo da missão. Na verdade, o valor da quantidade de especiarias transportadas foi suficiente para pagar três vezes o custo da viagem, que fora toda financiado por prestamistas e onzenários judeus.

Mesmo assim e posteriormente Cabral perdeu as boas graças reais, caindo em consequência no olvido da história. Tudo girou em torno do comando de uma segunda frota, que iria para a Índia, que Cabral entendia lhe caber com exclusividade, preferindo o rei que o comando fosse dividido entre dois chefes, no que resultou afinal impor o monarca a sua vontade ao descontente Cabral, cabendo a chefia da nova expedição a Vasco da Gama, a qual partiu em 1502, ficando Cabral em Portugal.
 
Para sua sorte ele era a cabeça de sua família (herdara todos os bens desta por morte do irmão mais velho) e ainda depois se casou com uma jovem, que vinha da família mais rica de Portugal. Depois dos sucessos referidos, recolheu-se em suas terras de Santarém, tendo falecido provavelmente em 1520. Como era abastado deve ter vivido muito bem com seus exclusivos recursos, mesmo sem os favores reais (vejam abaixo a imagem de sua casa).
 
(Castelo de Belmonte da família de Cabral - imagem atual)
 
Sua sepultura esteve perdida durante os séculos XVII e XVIII, tendo sido encontrada em 1839 pelo historiador brasileiro, Visconde de Porto Seguro, na sacristia da Igreja de Nossa Senhora da Graça, em Santarém. Em 1903,  trouxeram para o Brasil parte dos restos mortais de Cabral, que foram depositados em uma urna na chamada Antiga Sé do Rio de Janeiro, ou seja, na igreja abaixo mencionada.
 
(lápide na Igreja Nossa Senhora do Carmo no Rio de Janeiro)

 
E o pedido de Caminha ao rei. Este nada fizera ao receber a carta, mas sabendo depois que o letrado caíra combatendo pela causa real se apiedou do desastrado genro dele, Jorge de Osório e o beneficiou revogando o seu exílio.

Acho que a História olvida quase sempre o lado pessoal de seus principais atores, limitando-se ao papel por eles desempenhado nos momentos por ela retratados. E depois os defenestra sem cerimônias! Como não sou historiador, mas apenas um amador e um diletante, que a aprecia, busco ainda este “plus”, que espero venha contentar a outrem, que pense também assim.
 
Recomendando em especial a atenção de todos a imagem ilustrativa de toda a expedição, que é muito expressiva pelas grandes distâncias percorridas em precárias embarcações de madeira com propulsão à vela e ainda enfrentando a fúria dos elementos naturais.
 
A memória de Cabral é destacada em Portugal pela estátua a seguir reproduzida:

                                                  
(estátua lusitana de Cabral)

 

E ainda nesta outra estátua dele, aqui no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro:





(estátua do descobridor no Largo da Glória - RJ)

Bom se explicar, que discorrer sobre Cabral em tese nada diz respeito a guerras navais na América do Sul, que é o propósito deste blog. Mas, sem aquele homem e seu trabalho nós não teríamos nascido para a civilização da forma ocorrida no passado. Impossível, esquece-lo; dai estas duas postagens sobre ele, sua navegação e um pouco sobre a sua vida.


 
Fonte:

Veja na História: Diplomacia do Canhão. http://veja.abril.com.br/historia/descobrimento/pedro-alvares-cabral.shtml . Acesso em: 25/02/2015.
 
ABRANCHES VIOTTI, Frederico R. de . A nobre e heróica estirpe de nosso Descobridor. Revista Catolicismo. http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?idmat=A6439B0D-A374-53EE-7EA97F800AC5AFF8&mes=Mar%C3%A7o2000 . Acesso em: 16/02/2015.
 
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Acesso em: 16/02/2015.

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